Susan Sontag

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Entre – e durante - dois romances policiais de Val Mcdermid, li “Reborn” de Susan Sontag, o primeiro volume da série de diários a serem editados pela Penguin. Escrito entre os 15 e os 30 anos a prosa intima de Sontag revela não só a construção da mulher que pensou o mundo mas também a influência que o mundo teve na mulher e a sua luta feroz e muitas vezes inglória de se sentir parte dele. A braços com a indefinição da sua identidade – e nem por isso a sexual – mais do que observar o mundo analisava-se a si em relação ao que a rodeava. Insatisfeita com as suas fraquezas sociais e procurando moldar-se de acordo com a pessoa que queria ser, Susan Sontag discorreu sobre as suas contradições em jeito de um exercício de apuro que lhe moldou a forma e o pensamento.

Da pessoa por detrás do nome, quando ainda não era propriamente um nome, sobra o retrato cru de uma mulher de trato nem sempre fácil dilacerada pelas armadilhas e escombros do amor e que, à medida que aprendia a escrutinar a realidade, ia comendo atum da lata, lavando à mão a roupa interior e prometendo-se, mais do que uma vez, a tomar banho todos os dias.

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